domingo, 26 de abril de 2009

Aranhas.....

Deitada na cama de meus pais, olhei para o teto branco e me deparei com duas teias de aranhas. Claro que qualquer pessoa normal as tiraria dali, mas quem disse que pertenço a esse seleto grupo? Então, fiquei as observando, tão pequenas se comparadas a mim e tão majestosas, imponentes, em relação as demais. Sim, haviam as aranhas menores, talvez funcione como o formigueiro, onde as maiores comandam as menores. A olho nu, me pareceram viverem em harmonia, talvez estejam ali faz algum tempo, então, por isso, convivam bem. Funciona assim, teoricamente, com os humanos. Todos passam a se conhecer melhor conforme a quantidade de tempo em comum. Nossa, tenho que parar de ler Kafka. Até parece, acorda menina, você só leu a Metamorfose e já está sentimentalizando com aranhas? Ué, elas merecem respeito, não? Não importa, a questão é que fiquei as observando e deduzi: “nossa, esse quarto, ao menos o teto, está sujo!”Será que o quarto, a casa em que se vive, reflete seus donos ou será o contrário?Se for assim, os donos desse quarto estão bem distantes, cada um criando suas teias. Duas aranhas com seus quartos diferentes. Caramba olha quem falando sobre isso, teoricamente não tenho quarto.
Bom, entro naquele espaço e falo “esse é o meu quarto, meu e da minha irmã”. Bonito espaço, uma cama espaçosa, paredes em verde claro, a escrivania é a porta do armário que caiu, imagem da Santa Terezinha na parede, televisão, livros, enfim, um lugar quase perfeito se fosse para mim. Só entro ali para pegar minhas roupas no armário sem porta e meus livros. Enfim, o que importa é que me pertenço, durmo na sala como poderia ser em qualquer lugar do planeta. Quantas pessoas possuem ambientes organizados, com desing divino, e não são nada, não se conhece. Eu não, durmo em qualquer lugar por que sei que as coisas não são minhas e não sou elas.
Minha casa parece de aldeia de hippie. São quatro espaços alternativos, com seu estilo próprio, não há uma combinação, mas tudo parece em harmonia. Já pensei em colocar um estilo, sei lá, parecem que os objetos possuem vida própria. Somem e aparecem quando querem. As almofadas são enormes e com cores diferentes que não combinam nem com o sofá da sala e nem com a cama do dito “meu quarto”. Os quadros existem há 18 anos, não são Picasso, mas mulheres negras que me fazem sentir bem, pois lembro da minha infância. As aranhas continuam ali, só as usei para começar a curar o medo da escrita.
Aqui estou, escrevendo coisas sem nexo, mas que parece poesia para mim. Aliás, já me acostumei em ser diferente dos demais, mas por que essa vontade de ser entendida e a certeza de que preciso ser escutada? Que audácia a minha, no entanto, é o que sinto. Todos escrevem tão bem, mostram seus sentimentos, algumas mentiras, de maneira que passam a ser reconhecidos como intelectuais, ao menos entre seus amigos. Dominam a arte das palavras bem colocadas e eu ainda engatinhando. Isso me irrita, mesmo! Tanto para ser dito e não saber como, enquanto outros criam, escrevem e não dizem nada. Poucos sentem diferente da massa dita intelectual, mas desde quando isso vale para poesia?
Enquanto isso, as aranhas continuam lá...

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Dentro de mim há mundos em que personagens assumem diversos papéis
Eles mandam e desmandam no meu ser, apenas me entrego e, arriscando-me, permito-me a sentir a vida, pessoas, emoções e algumas ilusões... Triste.
Dentro de mim há passos que não encontram um caminho a seguir, tornando-se redemoinhos, um furacão.
Dentro de mim há uma onça pintada, selvagem, forte, que gosta de ficar sozinha, mas não se importa em receber carinho....
Faço parte de um mundo em que sou a atriz principal...
Dentro de mim há o seu reflexo....
Quem é você?